Visita técnica dos membros da Rede Unesco UniTwin ao Sítio arqueológico Santa Fé

O local está sendo estruturado para se tornar um sítio escola

No turno da tarde desta quarta-feira, os membros da Rede Unesco UniTwin realizaram visita ao Sitio Arqueológico Santa Fé, localizado no município do Crato-CE. O local é fonte de referência para os estudos arqueológicos sobre as primeiras ocupações do território. 

A conselheira científica da Fundação Casa Grande e pesquisadora do local, Heloísa Bitú, orientou os pesquisadores durante a visita técnica do local, levando-os para conhecer as gravuras pintadas nas rochas e explicando seus significados.

Heloísa Bitú guiando os pesquisadores no Sítio arqueológico Santa Fé

As rochas foram gravadas pelos povos originários pertencentes a etnia Kariri, e os desenhos demonstram a abundância de água que cercava a Chapada do Araripe. Porém, com os conflitos com os colonizadores eminentes que estavam invadindo a região, os indígenas decidiram tapar as saídas de água para que eles não pudessem usufruir delas, o que fez com que a água fosse desaparecendo com o tempo e o local ficasse com essa aparência escassa e rochosa.

Rochas onde estão as gravuras rupestres

Alemberg Quindins, criador da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri e pesquisador das tradições populares da região do Cariri, também estava presente acompanhando o momento e explicando o sítio arqueológico.

“A água simboliza a Chapada [do Araripe], que é um ponto de migração humana por conter a água. Então, nós estamos falando de uma extensão maior de território sobre quando as pessoas chegavam aqui e enxergavam o local como um ‘oásis’ em pleno sertão” - disse Alemberg.

Além disso, por conta da forte presença de água que existia no território, a região atraia a presença de diversas serpentes, característica nata do lugar que se conecta com uma das lendas mais famosas do Cariri, que é sobre a Mãe D’Água. Considerada como a deusa-mãe dos povos originários, a Mãe D’Água é uma Mulher-Serpente que flutua sobre as águas que passam pelo Cariri.

“A presença da serpente simboliza a Mãe D’Água, que é o mito da serpente, que simboliza as águas que passam por aqui” - acrescentou Alemberg.

A Fundação Casa Grande, em seu compromisso com a Arqueologia Social Inclusiva, criou o Plano de Estruturação do sítio Santa Fé, um projeto pioneiro na Chapada do Araripe que visa criar, equipar e estruturar o Centro de Referência Arqueológica da região, promovendo a pesquisa, conservação e disseminação do patrimônio arqueológico da Chapada do Araripe.

O espaço será dedicado ao estudo e à preservação das riquezas culturais, arqueológicas contando com laboratórios, salas de exposição e áreas de armazenamento, além de parcerias com universidades e institutos de pesquisa.

Membros da Rede Unesco UniTwin conhecendo o Sítio Santa Fé