O primeiro dia do VI Seminário da Chapada do Araripe iniciou com diálogos sobre o patrimônio misto e sua importância no Brasil
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Nesta manhã(05/06) pesquisadores de diversos países, gestores públicos, organizações da sociedade civil e comunidade se encontraram para o VI Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe

O VI Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe começou nesta manhã (05/06) no Teatro Violeta Arraes, na Fundação Casa Grande - Memorial Homem Kariri.
A abertura oficial do evento teve início com a apresentação do Grupo de Tradição Popular Banda Cabaçal Zé de Elison, composto pelas crianças que fazem o percurso formativo em música na Fundação Casa Grande. Em seguida, como ritual de abertura, as crianças cantaram o hino da Casa Grande, a música Essa Casa de Moraes Moreira.

Esse momento contou com as falas da presidente da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri, Dayane Freitas; do diretor do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Pedro Menezes; do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Leandro Grass Peixoto; da representante do Ministério das Relações Exteriores, Chefe da Divisão de Assuntos Multilaterais Culturais e Secretária-Geral da Comissão Nacional do Brasil para a UNESCO, Tatiana Carvalho Teixeira; e do presidente da FECOMÉRCIO do Ceará, Luiz Gastão Bittencourt.
Luis Gastão Bittencourt ressaltou que a candidatura da chapada e sua biodiversidade é questão de prioridade nacional.
“O que nós queremos é preservação humana, preservação dos nossos valores, preservação da nossa cultura, e para isso nós temos que abrir mão de algumas questões e sabermos que o Brasil é um país continental e que, se nós não podemos, porque, embora as terras possam ser boas para o plantio, nós temos que determinar aonde nós queremos plantar e onde nós queremos colher. E aqui, nessa região, nós queremos colher respeito humano, nós queremos colher cultura”, comentou o presidente da FECOMÉRCIO.
Em seguida, para acrescentar as falas do papel da educação nesse processo de transformar a Chapada do Araripe em Patrimônio Cultural, foram chamados o representante do reitor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Claudener Souza Teixeira, o reitor da Universidade Regional do Cariri, Carlos Kleber Nascimento de Oliveira, a representante da reitora da Universidade Federal do Piauí, Dra. Jaqueline Lima Dourado, e o reitor da Universidade Federal do Ceará, Custódio Almeida.
O professor Custódio Almeida comentou sobre o significado do nome que dá ao evento.“Essa expressão ‘Bacia cultural Sóciobiodiversa’ diz muito sobre o encontro entre sociedade e natureza, o encontro necessário para nós rompermos com o antropocentrismo que mata, que nos atrofia enquanto pessoas. Então nós estamos num lugar que a gente quer que seja reconhecido como casa, território, educativo do mundo. Porque aqui esse encontro acontece de forma forte, por meio da cultura e da natureza”, disse o reitor da UFC.
Durante a programação da manhã, a presidente da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, Dayane Freitas, e o representante da UFCA, professor Dr. Claudener Souza Teixeira, subiram ao palco para a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica e Científica, uma ação colaborativa para a Gestão do Patrimônio Cultural e Natural da Chapada do Araripe.
Tatiana Carvalho, Secretária-Geral da Comissão Nacional do Brasil para a UNESCO, e Luís Grass Peixoto, Presidente da IPHAN, fizeram um ato solene de repatriação de um fóssil do Araripe que tinha sido extraviado para Itália. O bem foi entregue ao Reitor da URCA e ficará disponível para acesso da comunidade no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.
“O patrimônio cultural e natural são bens inestimáveis e insubstituíveis, e não pertencem só a uma nação, eles podem estar no estado, mas eles são de interesse universal, e que qualquer desaparecimento ou uma deterioração desse patrimônio causaria o empobrecimento do patrimônio de todos os povos do mundo”, comentou Tatiana Carvalho.
Por conta dessa problemática, Luís Grass Peixoto orientou como as pessoas podem ajudar a contribuir para a recuperação desses fósseis roubados: “Recentemente, o IPHAN publicou uma plataforma que é o Banco de Bens Procurados, que qualquer cidadão pode acessar, então se você está no lugar e desconfia que tem um bem que não está sendo comercializado ou exposto e ele não tem certificação e não tem informação adequada, você pode entrar na nossa plataforma para descobrir se ele foi subtraído do seu lugar de origem”.

A primeira conferência do Seminário foi com Tatiana Carvalho e Luís Grass Peixoto. Eles dialogaram sobre o tema "A Atuação do Brasil na UNESCO: Políticas e Parcerias para a Preservação do Patrimônio Cultural e Natural”. Os palestrantes apresentaram como acontece o processo de candidatura de um bem a patrimônio mundial e falaram da importância de apresentar a Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe para o mundo como Patrimônio misto, e o papel da UNESCO e do IPHAN no apoio da candidatura.
Para o reconhecimento de um bem como patrimônio mundial é preciso seguir os processos e solicitações da UNESCO apontados pela Secretária-Geral. Apesar de ser uma construção lenta, eles apontam a necessidade do apoio dessas instituições e da importância da inscrição deste bens na lista indicativa que o Brasil encaminha para Unesco.

Dando continuidade a programação, tivemos a primeira roda de conversa do dia, colocando em pauta a Chapada do Araripe e seu patrimônio vivo.
Estavam presentes nessa roda de diálogo a Conceição Lopes, coordenadora do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciência do Patrimônio da Universidade de Coimbra; Fabiano dos Santos Piúba, Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura do Brasil, Cultura, José Patrício Melo, coordenador Adjunto do Comitê Científico do Geoparque Araripe Mundial da UNESCO, e Alemberg Quindins, gestor cultural e criador da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri.
Na roda de conversa os participantes comentaram, além da riqueza existente na Chapada do Araripe, a visão desse local e sua importância como um instrumento político e cultural para promoção da sociobiodiversidade brasileira. Conceição Lopes apontou a necessidade da valorização da memória e o direito da conservação desses locais, como o Sítio arqueológico, para a população.

“E talvez um dos elementos mais importantes dessa tentativa da chapada do Araripe como patrimônio da humanidade é a defesa desse patrimônio água. Essa chapada é um aquífero importantíssimo para o Brasil e para o Nordeste. Ela fornece água basicamente para toda a região aqui do Cariri. Portanto, ela é um patrimônio natural, porque ela é um patrimônio água”, aponta Fabiano dos Santos Piúba.
O coordenador Adjunto do Comitê Científico do Geoparque Araripe Mundial da UNESCO, José Patrício Melo, explicou uma parte mais técnica de como foi feito o mapeamento de todos os sítios paleontológicos e arqueológicos para impulsionar a aprovação da candidatura da Chapada do Araripe como esse patrimônio misto.
O Seminário é uma realização do Sistema Fecomércio Ceará por meio do SESC com organização da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri.
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