As rodas de conversa do turno da tarde do 2° dia de seminário dialogam sobre o patrimônio natural da Chapada do Araripe
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Os palestrantes se reuniram para falarem sobre a biodiversidade da chapada

O VI Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa Patrimônio Dá Humanidade continua firme no segundo dia de rodas de conversa, palestras e conferência sobre a Chapada do Araripe.
No turno da tarde aconteceu a roda de conversa Chapada do Araripe: Guardiã da Biodiversidade Cearense formada por Pedro Menezes, Diretor do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Weber Girão, do RPPN Oasis Araripe e Vitor Lagoa.
Os participantes conversaram sobre a biodiversidade da Chapada e como implementar medidas de conservação no território. Pedro Menezes apresentou exemplos de sinalização no município do Crato e Barbalha, e do papel do Departamento de Áreas Protegidas na conservação sistemática do meio ambiente e formas de elaborar esses planos na candidatura da Chapada.
Pedro Menezes afirmou que é importante salientar o papel das trilhas da chapada, já que elas conectam as paisagens naturais e o patrimônio cultural do local, então é necessário manter a preservação da riqueza desse território, principalmente em relação com a fauna e a flora.
“As pessoas começam a entender que aquilo vai muito além de uma mera paisagem ou de um atrativo turístico. Elas começam a entender aquilo como um organismo vivo e começam a defender a sua preservação. E por isso que a gente trabalha com algo que eu tenho visto aqui e tem me emocionado muito, que é uma base voluntária forte”, afirmou Pedro Menezes.

O convidado Vitor Lagoa comentou sobre o objetivo de preservar a riqueza da biodiversidade da região da Chapada do Araripe, as espécies presentes, a flora, e o turismo ambiental e social. “A nossa região, ela está bem adiantada nesse sentido de alavancar o turismo. E eu costumo dizer para as pessoas que a ferramenta mais importante dentro de um território é a Comunidade, é a sociedade, eu costumo dizer isso, é o maior recurso. Sem esse recurso, nada disso sobrevive”.

Focando no tema da preservação, Weber Girão apresentou as espécies que podem ser observadas na biodiversidade do Ceará, como o pássaro Cara-Suja, exclusivamente nordestino, e presente na Serra do Baturité.
A segunda roda de conversa foi focada no tema da “Floresta Nacional do Araripe: Oásis da Biodiversidade no Nordeste do Brasil”. Os palestrantes presentes eram Raul Fontoura, Chefe da Divisão de Assuntos Internacionais, ICMBio, e Carlos Augusto de Alencar, chefe do núcleo gestor do ICMBIO na região do Cariri.
O diálogo abordou as formas de preservacao do patrimônio natural realizada pelo governo brasileiro. Foram apresentadas as Unidades de Conservação da vidas silvestres e unidades de conservação de proteção integral. Raul Fontoura mostrou dados desses territórios e exemplos da fauna de florestas, parques e sítios que estão sendo preservados e bem cuidados.

Nos dados projetados pelo ICMBio, há 68 florestas nacionais ao todo sendo preservadas. Os dados das unidades de conservação de proteção apontam 69,4% de florestas nacionais e 18,9% das Estações Ecológicas no Brasil, além de possuir um pouco mais de 30% da área de unidades de conservação federais de uso sustentável. A conversa reforçou a necessidade da preservação das áreas ecológicas e do que pode ser feito para preservar esse patrimônio natural junto de políticas públicas e pesquisas científicas sobre a biodiversidade brasileira, por exemplo.
Raul Fontoura mencionou a política de conservação das áreas ambientais a partir das reservas particulares do Patrimônio Natural (RPPN), que consiste em uma unidade de conservação particular, criada por iniciativa do proprietário para proteger a biodiversidade.
“A gestão de florestas nacionais tem uma legislação própria e específica. Esse uso sustentável muitas vezes está ligado ao estrategismo artesanal. Então, estou falando do acesso ao recurso da floresta nacional pelas comunidades tradicionais, em alguns outros casos, eu estou falando de contratos de concessão, em que o manejo florestal é distribuído em uma escala convencional. A APA (Área de Proteção Ambiental) seria a ferramenta mais adequada para lidar com o desafio de estabelecer o nível de proteção desses territórios. São 37 APAs no país, que respondem a quase 25% da área total das unidades federais de proteção de uso sustentável”, explicou Raul Fontoura.

A Chapada do Araripe é abrangida pela APA da Chapada do Araripe, que foi criada em 1997. No entanto, a APA não abrange toda a extensão geográfica da Chapada do Araripe. Foi prometida esse ano pela Operação Guardiões da Chapada do Araripe a expansão da mesma para abranger todo o território dela.
Seguindo a programação, a última palestra do dia teve como tema “Geopark Araripe: a história da vida na terra recontada na Chapada do Araripe” com Eduardo Guimarães, Diretor Executivo do Geopark Araripe UNESCO e Allysson Pinheiro, diretor do museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.
Eduardo Guimarães explicou que desde o início da criação do Geopark Araripe, a região vem conseguindo conquistar diversas vitórias. “O programa ainda tem uma característica eurocêntrica, mas a gente vem avançando porque, hoje na América Latina e Caribe, nós temos 15 geoparques mundiais. E o Brasil é o país que amora quantidades de geoparques, mais de 6 geoparques mundiais da Unesco em 5 estados. Então esse é um avanço”.

Allysson Pinheiro detalhou o contexto histórico dos fósseis da Chapada. “A água é a história, a gente quer preservar a água e o processo de fossilização daqui aconteceu na água. A partir das características físico-químicas especiais, que impediam a decomposição e favoreciam para a fossilização, ora águas de água doce, ora águas de mistura, ora águas salgadas. Isso é o especial daqui”, contou Allysson.

A programação do dia finalizou com as celebrações dos grupos de tradição e celebrações musicais.
O primeiro grupo da noite foi o Reisado Decolores Dedé de Luna de Crato, guiado pela Mestra Mazé. Ícone da tradição popular cearense e agraciada com o Título de Tesouro Vivo da história do Ceará, a Mestra Mazé contribui para a cultura unindo tradição e inovação com a liderança da performance da equipe.

Depois, aconteceu a apresentação do Grupo Reisado de Caretas de Potengi, liderado pelo Mestre Antônio Luiz. Com o título de notório saber em cultura popular, o mestre conduz a equipe de dança de tradição popular com o uso de máscaras e vestimentas vibrantes.

Finalizando as apresentações dos grupos de tradição popular, tivemos o Grupo Maneiro Pau da cidade de Crato. Conduzido pelo Mestre Cirilo, o grupo é conhecido pela tradição do reisado, o côco e a dança de São Gonçalo.O grupo é composto por adultos e crianças, fomentando a transmissão intergeracional dos saberes tradicionais.

E para encerrar a noite do segundo dia de seminário aconteceu a celebração musical com muito forró conduzido pelo Mestre sanfoneiro D’Jesus.

O Seminário é uma realização do Sistema Fecomércio Ceará por meio do SESC com organização da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri.
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